segunda-feira, 3 de junho de 2019

Crônicas de uma mente reincidentemente stagnada. Ou: reincidência crônica. (ao som de Cold Little Heart, by Michael Kiwanuka)

Música disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=nOubjLM9Cbc&list=RDG_K9xsSdgMs&index=3

Eterno retorno.

Eis-me aqui novamente no precipício de onde as águas do pensamento devem cair, e tomar forma nos distintos jarros das palavras. O precipício é alto, as águas vem em um forte jato... derrubando os vasos, jogando-os para longe, enchendo os mesmos casualmente, mas ao mesmo tempo espalhando-os e absorvendo os mesmos dentro da torrente de pensamento.

A pretensão humana: as palavras devem se moldar ao pensamento.

A realidade: o pensamento leva as palavras para distintos lugares, e revira as palavras, e muda as distâncias entre as mesmas, e suas posições.

Tenho pouco tempo para juntar os jarros. Nadando na correnteza do pensamento, e catando os jarros das palavras, com as águas contidas. Levar esses jarrosa um local seguro, e descobrir qual a ordem devida dos mesmos. Ordem essa que ainda desconheço.

Tudo isso com tempo cronometrado.

Escrita, ofício difícil.

domingo, 21 de abril de 2019

Pedaços de alma - ou notas de despedida (ao som de "I Won’t Complain", by Benjamin Clementine)

Música acessível em:

https://www.youtube.com/results?search_query=i+won%27t+complain

Há um ônibus para fora daqui.
Ele é rápido, e passa toda hora.
Alguns dizem que é barato, outros dizem que você pode pagar a passagem depois.

Eu estou preso entre dois instantes, vida adulta que te comanda a fazer, a fazer e a fazer.
Sobra pouco tempo para existir, existir para si. Não faz sentido ficar obedecendo os instantes, na luta constante para não se afogar entre eles.
Estou cansado. Triste e cansado.

Dizem que no ônibus tem ar condicionado, e serviço de bordo.
Há chocolates que eles distribuem nas cadeiras, wi-fi e conexão USB.
Eu poderia usar um bom drink hoje, mas lembro que não consigo beber mais.
Eu lembro que não consigo ficar longe de seu sorriso.

Mas eu lembro o quanto está tudo isso. Minha cabeça é tomada por números e cálculos, e frases que tenho de escrever. Eles giram na minha cabeça, cobrando e provocando minha impotência de agir.
Eu lembro de tuas mãos e de teus lábios... e, novamente, de seu sorriso.

Já identifiquei alguns pontos onde posso pegar o ônibus. Pensando em ir, pensando em ficar. Você me pede que fique. Você me pede que pare. E eu tento parar meus pensamentos que me pedem  para ir.

Mais um ônibus que deixo passar. 

Por enquanto.