segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Dia 28 de dezembro de 2009. Vestígios. (ao som de "Billie Holiday", by warpaint)

Música acessível em:

http://www.youtube.com/watch?v=UPv3eou3Ltg&feature=PlayList&p=4AF584C24E2FE2E1&playnext=1&playnext_from=PL&index=39&shuffle=86

Deixe todas as luzes apagadas.

O meu abajour está com defeito. Decido escrever este texto sob a luz do computador, somente. Ajusto a tela do laptop, para que ela possa iluminar o teclado. Estalo os dedos, apoio o pé esquedo sobre a cadeira, bebo mate. A escuridão quase completa me passa, ao mesmo tempo, descanso e solidão. A janela aberta deixa entrar o ar úmido e frio, de chuva recém-caída e de noite.

Ando pensando no que fazer para matar o tempo. Isso me faz sentir-me só. Nesse último semestre, retirei muito entulho da minha vida. E o espaço aberto foi muito incômodo, principalmente nessas férias de última semana de dezembro.

Enquanto escrevo este texto, dou-me conta que os melhores momentos aconteceram quando eu não planejava nada... Amanhã vou na confeitaria Colombo, vou comer um folheado de amêndoas, depois vou passear por todas aquelas livrarias do centro... Deixar acontecer.

Vou levar meu guarda-chuva.

Esse ano passou correndo...

Ou será que fomos nós que passamos, correndo, pelo ano?

Poética relativista de Einstein.

Está chegando o novo ano... Cheio de chances de tentar de novo, promessas de tentar o novo, promessas de tentar o novo, de novo...

Relaxo na cadeira, me afasto, respiro. Bate uma vontade de choro, mas não consigo encontrar o fundo emocional deste choro. Nem tento.

Fiquei por alguns segundos imaginando projetos para o próximo ano...

Sorrio. Rio de mim mesmo.

Fecho os olhos, e me deixo levar pela música até o fim... sugiro que faça o mesmo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Meia-noite. Finados. Pausa. (ao som de "Parchman blues", by Tangle Eye)

Música acessível em:


http://www.youtube.com/results?search_query=parchman+blues+eye&search_type=&aq=f

Bebo o último gole de cachaça barata que restava no fosco copo de requeijão. A umidade, fria e escura, do ar, penetra pela janela, de alguma forma. A luz, branca e fria, do abajour, ilumina, projetando-se sobre a parede, deixando a penumbra tomar conta do quarto.




Pausa.



Olho para os diversos tons de azul formados no encontro da parede com as diversas incidências de luz. O silêncio ao redor (re)conforta. Dialogando comigo, somente o ruído do ventilador de teto. Feriadão para repôr energias e criar uma nova postura.



É necessário haver pausa. Não há razões para pressa, pois, no final, resta a morte. Finalmentente aprendi. Sinto um vazio reconfortante por dentro. Penso sobre como é difícil, essa arte de viver.



Amanhã vou ficar um tempo deitado, dormindo à toa. Há anos que não faço isso.



Boa noite. Salvo e Publico.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Relatos de uma sexta-feira vazia (ao som de "Last time", by Janis Joplin)

Música acessível em:
http://www.youtube.com/results?search_query=last+time+janis+joplin&search_type=&aq=f

Bebo o mate, mais uma vez.

E mais uma vez.

Eu tinha prometido a mim mesmo que não o faria, mas fiz. E não sei por que fiz. Eu não sou de quebrar promessas, mas fiz. Talvez o tenha feito para preencher os espaços vazios... Mas esta foi a última vez.

Eu gostaria de ter alguém para dividir esta sexta-feira comigo. Espaço cavado de vazio sem nada preenchido. Não trabalhei, não me diverti. Espaço cavado preenchido com nada.

Eu não sei onde me meti, e não sei como lidar com isso.

Estou descobrindo que, por mais esforçado que seja; e por mais que tenha vencido desafios; não sou tão onipotente assim.

Não consigo mais viver desse jeito.

Acho que vou levar minha câmera para algum lugar neste fim-de-semana, tentar ocupar minha mente com algo.

Tenho de aprender a viver.

Acabou o mate, publico o texto, vou colocar uma roupa e sair.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Notas sobre a incrível arte de ir tocando a vida (ao som de "God's Gonna Cut You Down" by Johny Cash)

Desligue a luz, para ler este texto. Leia de noite. Música acessível em:

http://www.youtube.com/results?search_query=%22God%27s+Gonna+Cut+You+Down%22+by+Johnny+Cash+&search_type=&aq=f

Luz branca, luz fria, do abajour, ligada. Noite lá fora. Janela fechada, cortinas abertas. Não se vê luz, pela janela, à exceção de uma fraca luz amarela de uma das janelas da frente. O ar está ficando mais quente, mais pesado, anunciando o verão ainda por vir. Arrumando agenda. Copo vazio ao lado.

Estou cumprindo meu objetivo de começar a fazer exercícios. 6 vezes por semana, desde o início de agosto. Estou mantendo a minha dieta, à exceção de meu consumo de chocolate, que precisa ser diminuído. Coço a cabeça... Não vou comprar mais chocolate, após estes aqui acabarem. As aulas no doutorado recomeçam daqui a duas semanas.

Anoto na agenda tarefas para amanhã: pagar o plano e ligar para D.Piedade.
E depois, voltar para casa e continuar a construção do texto. Olho para o copo vazio.

Ótimas tarefas para fazer passar o tempo... Dou um leve sorriso, debochando de mim mesmo. Olho novamente para o copo vazio. Coloco mais mate, balanço o copo...

Salvo as anotações, fecho a agenda, olho para o teto em penumbra, e respiro. Bebo. Trocaria de bom grado este mate por whisky, neste exato momento. Respiro profundamente. O que eu faço entre um texto e outro, entre um pagamento e outro, entre uma e outra contração de bíceps? Penso no texto escrito por mim em 6 de setembro de 2007, nesse blog. Olho o cronograma da tese.

Será que vai dar tudo certo até o fim? Esse ano está passando rápido... Penso o que vai acontecer com minha vida até lá... Lembro de me preocupar somente com o dia seguinte, e me ocupar somente do dia presente. E fazer planos para o resto. Ah... Planos que servem para tapear o vazio.

A duas semanas do início do ano letivo, tudo anda conforme o planejado. Não vejo a hora de terminar tudo isso...

Às vezes penso que eu quero mesmo é cair fora. Coloco o cotovelo dureito na mesa, apoio a cabeça na mão fechada.

Ar pesado, ecos de um verão por vir.

Salvo o texto e publico.

Boa noite.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Notas acerca da solidão urbana (ao som de "Concret Jungle", by Elliot Smith)

Musíca acessível em:

http://www.youtube.com/watch?v=c32-laCZnhQ


Escuridão e luz fria, luz branca, luz nova do abajour.


O filme recém-assistido repousa na memória. O paladar sente fome de outras espécies de doces. Solitário, escreve alguns escritos esparsos no computador. A noite silencia sua solidão, do lado de fora. As férias estão acabando.

Qual é a saída do labirinto? Qual a saída do labirinto?

Como fazer para colocar cores mais verdadeiras nesse concreto?

Só quero uma vida comum, um bom agora, podendo sentir o sol batendo pela janela, sem sentir que está perdendo tempo. A vida é curta, pressiona. E, enquanto pressiona, passa...


Qual é saída do labirinto? Qual a saída do labirinto?

Como fazer uma fortaleza para se proteger da selva de pedra?


Está muito tarde, se fosse mais cedo, caminharia na rua.
Me resta a solidão e algumas músicas tristes. Medito se caminho ou não.

Tudo é triste, tudo é deserto... Anseio em encontrar com alguém nesse deserto de almas...

Selva de pedra.


Qual é saída do labirinto? Qual a saída do labirinto?

Como fazer para encontrar alguma paz?


A tristeza sobe como o movimento das traças em direção ao teto.

A angústia sobe, grito sufocado na exigência de silêncio da madrugada residencial.

Salvo.
Fecho.

sábado, 18 de julho de 2009

Noite. Licor. (ao som de "Wicked Ride", by Melody Gardot)

Música acessível em:
http://www.youtube.com/watch?v=YieSza4xTkU

Ele liga o som.
Melody Gardot.


Meia luz do abajour sobre o computador. Luz amarela de uma lâmpada fria.
Pega o pequeno copo oriundo de Barcelona, pega a garrafa de licor de amarula ao lado desse mesmo copo... Despeja o licor no copo.


Traga o licor.

Pensa. Um pensamento calmo, feito para parar o fluxo do própio pensamento. O frio da noite se atreve a passar pelas janelas fechadas. O edredom o aquece, enquanto ele escreve no computador. Quase derruba o copo, enquanto digita o texto.

Pensa no sexo com a desconhecida da noite passada... Toma mais um gole.

Torna a encher o copo. Pensa nas vantagens do baixo teor alcóolico de um licor. Não sabe dirigir... Sorri. Lembra que a desconhecida não era tão desconhecida, mas sim uma das mulheres que mais o conhece... Seus segredos... Ri. Riso baixo, para não fazer efeito na vizinhança.

O frio da noite parece se modificar com o terceiro copo de licor. Pensa sobre o quanto de psicológico tem esse efeito. faz improvisações com a voz, acompanhando as improvisações de Melody.

Dararadumdarumdarara darumdarumdararum... humm...
Salva o texto.
Ele lê o texto novamanete.


Dararadumdarara darara... darara... daraaaaaaa-huuuumm...
Olha a garrafa, quase um-quarto bebida.
Corrige erros de digitação.


Dara-dumdara, dara-dumdaradum huuu-uuummm...
Salva a o texto novamente.
sorri, fecha o editor de textos.
Enche mais uma vez o copo, dessa vez, traga tudo de um só gole.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Novo título. (ao som de "22nd century", by Nina Simone)

Música acessível em: http://www.youtube.com/watch?v=PYcgCiWAv8c

O título mudou.

Muitas coisas tem acpontecido ultimamente. Estamos em uma época formidável: crises econômicas, pragas, morte do Papa, morte do Rei (do Pop), aquecimento global, produção de miséria em grande escala...

Construindo de forma desajeitada e egocêntrica, um fim-de-mundo.

Tentando construir um fim de mundo mais elegante, ao lado de outras pessoas, me coloco de forma mais delineada, a partir de agora, enquanto cientista. Esperando trazer algo belo para esse mundo...

Convido vocês para o mesmo. Empolguem-se com coisas reais, Preocupem-se com coisas reais, cumprimentem a caixa no supermecado...
Continuem escutando a música.

Forte abraço.

Acerca dos paradoxos provocados pela experiência da felicidade. (ao som de “Black is the colour of my true love’s hair, by Nina Simone)

Música acessível em: http://www.youtube.com/watch?v=9B_Eimetq00

Chuva de inverno lá fora, tempo tranqüilo. Noite. Biscoitos, chá-mate e pasta de soja com ervas finas. A luz do abajur ilumina o PC, sala escura.

Estou escrevendo aqui só porque você me disse que eu não escrevia há muito tempo. Você sabe que estou falando de você, e com você. Obrigado pelo comentário, que me faz escrever em outras formas que não a científica. Há tempos desejava escrever um texto sobre o outono, e essas notas outonais saem então, aqui, tardias, em um cinza sábado de junho. Os dourados raios do sol de inverno padecem detrás de uma nuvem ou outra, diversos tons de cinza que se estendem pelo céu.

Chá mate ao meu lado, pausa da escrita de artigo científico. Eu estou em uma ótima fase profissional e pessoal. Posso dizer que nunca estive tão feliz em minha vida. Mas, paradoxalmente, às vezes sinto falta de tempo para mim mesmo. Feliz e asfixiado. Feliz e infeliz. Por um lado, encantado com a exuberância de uma aventura do pensamento. Por outro, asfixiado como se esta aventura do pensamento se passasse em um labirinto.
Cansa-me não só o trabalho, mas também as falas das pessoas como se eu me ausentasse delas e somente delas. Será que elas não pensam que eu também me canso? As falas são sempre falas de pedintes de atenção... Será que elas não percebem que isso também me afeta, que estou trabalhando demais?

Eu quero férias. Do trabalho, das pessoas, de tudo. Preciso respirar. Uma boa solidão.
Às vezes penso no futuro... Mas ele me parece tão imprevisível que tenho procurado viver um dia de cada vez.

Se estivesse de tarde, iria caminhar um pouco, mas a preguiça e o trabalho me prendem em frente ao PC, para continuar o artigo. Quando forem 21 horas, vou fazer minha noturna caminhada diária. Táticas para não engordar em um trabalho sedentário.

“O segredo é, manter-se no estado de partida, mesmo ao chegar. Economiza-se em apresentações e despedidas”.

E vocês? O que vocês andam fazendo de suas vidas?

Até o próximo texto.
Um abraço. Gole de mate, salvo este texto, volto ao trabalho
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sexta-feira. Cinzas (ao som de "Happy", by Tracy Chapman)

Música acessível em:http://www.youtube.com/watch?v=vFQntoVn1BA

Sexta-feira. Cinzas.

Este carnaval, eu não pulei.
Não dancei, não dei piruetas, não ri, não bebi caipirinha de péssima qualidade na Lapa.

Este carnaval eu me tranquei no meu quarto; eu sozinho com a escrita, o computador e algumas idéias soltas. Eu, eu e a solidão.

Neste carnaval eu bebi mate para me manter desperto, pois não podia perder as idéias no sono entre a madrugada e a manhã seguinte.

Houve bloco. Passou pela minha rua. Fechei a janela. Quando não bastou, abri a janela e esperei o bloco passar. Sorri.

Este carnaval eu me tranquei no meu quarto; eu sozinho com a escrita, o computador e algumas idéias soltas. Não podia perder as idéias no sono entre a madrugada e a manhã seguinte.

Quando houve fome, comi.
Quando deu vontade, caguei.
Quando muito o calor, tomei banho.

Este carnaval eu me tranquei no meu quarto; eu sozinho com a escrita, a solidão e algumas idéias soltas. Pensei na vida até agora. Pensei na vida daqui pra frente.

Não saí de casa, exceto quando para arejar um pouco a mente. Caminhava um pouco pela praia, e voltava.

Neste carnaval houve sorvete de creme para me manter desperto, pois não podia perder as idéias no sono entre a madrugada e a manhã seguinte.

Quando deu cansaço, caminhei.
Quando deu sono, dormi.
Quando vontade, tomei sorvete.

Este carnaval eu me tranquei no meu quarto; eu, a solidão, e umas outras coisas.