quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Notas de bloqueio na escrita (ao som de "Coming Into Los Angeles", by Arlo Guthrie)

Música acessível em:
http://www.youtube.com/results?search_query=coming+into+los+angeles&aq=f

Luzes apagadas, abajour aceso, mate no copo, chocolate à esquerda. Livros organizadamente espalhados pela mesa.
A mente parece paradoxalmente apagada e ofuscante ao mesmo tempo. Para onde você quer ir, escritor? Para onde você quer ir, escritor?

As idéias embaralhadas se aglomeram, formando um amálgama, um simulacro, que se move ao som da minha ansiedade. Tento subir, tento subir.

Para onde você quer ir, escritor? Para onde você quer ir, escritor? Consegues apenas se afogar em suas próprias idéias.

E a escrita não desce. E as idéias amontoam-se, crescendo como uma massa de bolo em uma forma pequena demais para suportá-la. Crescem em velocidade e proporções tumorais. Idéias se voltando contra o próprio criador, insistindo em não tomar forma.

Respire escritor, beba de sua própria confusão. Afogue-se. Morra um pouquinho em suas idéias. Tome um gole. Ficar se debatendo não vai adiantar. Não resista.

Você quer ir para lugares demais, escritor. Selecione os lugares. Depois vá. Mas vá para um lugar de cada vez. Se quiser, você poderá permanecer em um lugar enquanto se dirige a outro. Calma escritor. Calma.

E então? Para onde vamos agora, escritor?

4 comentários:

Anónimo disse...

Ira!!!!!!!!!!!!!!! Vc é demais!Vamos fazer um ritual xamanico benjaminiano a fim de atrair a ancestral vibe renovada das palavras que já foram escritas, certa vez... nossa tese perdida no mundo ao nosso encontro, enfim, todavia antes do fim, nosso fim elegante...

Ana P perisse

Marcelo Borges disse...

Lindo...

Representação perfeita das idéias que nos afogam numa descrição simples e envolvente.

Linda.

Anónimo disse...

Hermano, te necesito, te necesito mucho!! Me haces mucha falta Irapoan.

Jose

Unknown disse...

Quanta beleza, "escritor"! Tuas palavras transbordam, têm cheiro de gente, com cara, carne, sangue e riso. Às vezes vamos aos lugares; às vezes somos os lugares, não te parece? Em quantos lugares de ti já pudeste estar, Escritor? Essa pergunta me faço e refaço: cartografia transviada de um corpo que está sempre por se espichar e descobrir/ inventar de si. Não sei: tua escrita convida, incita e excita.