terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Resposta a Moana que respondeu ao Christian

Solidão, carregada como se fosse o peso do mundo, é a escolha máxima do criador, para dar forma a criatura.
O criador é ingênuo, pensa Fausto, pensa que pode alguma coisa. Mas... Ele é criado ao mesmo tempo que a criatura. Submetido ao Palco.
Sim, Moana, o palco é grande demais, mas a platéia é pequena -ou nula, ou quase nula. No mais, fazem ruído e se entorpecem com cerveja. No mais, escolheram cuidadosamente as roupas que aprenderam que são devidas, e se prostam como ovelhas, não para escutar, mas para serem boas ovelhas ao olhos de todos. Não é à toa que quase todas as religiões conhecem (bem) a música.
De qualquer modo, de Brahma ou de Armani, são ruído. Não são platéia. O artista grita, na esperança de ser escutado. Frente ao ruído, o que resta é gritar, não somente para ser escutado, mas para não sucumbir frente ao ruído que o esmaga. Procurava o spot perfeito, o melhor balaceamento no microfone, foi engolido pelo Palco, o soberano. Pouco a pouco, ele não vive mais a arte. A arte vive nele. E vaga, pelas ruas desertas da metrópole ou da província, a procura de alguém. Destino determinado pelas numerosas ovelhas. Dizia Hegel: a quantidade é uma qualidade negada.
Antes vedete, agora bardo. Não, nada mais importa. Os apalusos são mirrados porque são de poucos outros... artistas. E a ex-vedete segue, criada por sua arte, a procurar, por todo o canto, outras ex-vedetes, para se apresentar... ser aplaudida. E, assim, ter certeza de que ainda está viva.
Aos poucos, se unirão. E, aos poucos, costroem novo palco... E estarão felizes. E, felizes novamente, poderão, enfim, procurar o spot perfeito!
Mas uma delas se incomodará porque todas as outras só querem parecer boas ex-vedetes ao olhar das outras... não são platéia. São apenas ruído.

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